segunda-feira, 23 de agosto de 2010
A magia de vez em quando reaparece
Acho que um dia voltarei a escrever, mas por enquanto, não dá.
Então, vivo um pouco minhas criatividades do passado, as muitas coisas que fiz num período em que fiz muita coisa mesmo! O período em que esse blog nasceu e foi engordando, até chegar a essa dieta que o mantém vivo só por estar ligado aos aparelhos. É que a esperança de que ele um dia volte a viver ainda não morreu, essa danada, que resiste, resiste, resiste! Então, tá. Que ela fique aí resistindo...
Enquanto isso, como disse, aproveito as produções do passado.
Esses dias, passeando pelo blog da minha amiga Patrícia li um post em que ela falava de um outro blog, chamado Banana Craft que publica de tempos em tempos festas de aniversário como antigamente, isto é, quando a gente fazia tudinho e não alugava simplesmente um buffet ou coisa parecida.
Nada contra os buffets! Já usei várias vezes e usarei outras tantas, é uma das coisas mais práticas que já inventaram, aliás, faz parte da minha lista de grandes inventos da humanidade! Mas fazer decoração de festa infantil é uma coisa que eu adoro, já tive até sonhos de ter um negócio assim, então, quando dá, eu mesma faço a decoração das festas das crianças.
Em 2008 foi a vez da Ana Luíza, como já tive a oportunidade de contar por aqui.
Como a proposta do blog Banana Craft é falar de festas handmade decidi mandar minha história, e não é que gostaram dela?
Então esta aí, mais uma das minhas artes de um passado recente.
Enquanto não volta meu tempo pras palavras, nem pras tesouras, nem pros pinceis, vou relembrando o tempo em que eles estiveram tão presentes que me permitiram criar tanta coisa legal. Um dia eles voltam, sei disso!
sábado, 15 de agosto de 2009
Realmente, incomodada ficava minha avó!
domingo, 4 de janeiro de 2009
Ohmmmmmmm...
Nem bem o ano começou, ou talvez por causa disso, meus neurônios já estão em polvorosa e um novo pensamento daqueles nada a ver tomou de assalto minha cabeça: os homens das cavernas não eram budistas!
Para começar, Buda ainda não tinha existido e, por motivos óbvios, não dá pra ser budista antes de Buda. Mas, mesmo que uma encarnação muito ancestral do mestre tivesse pintado bisões em cavernas, arrastado mulheres pelos cabelos ou dado um rolé de tacape na mão por aí, ainda assim, não dava pra ser budista na época das cavernas! Pelo menos, não na Idade da Pedra. Foi necessário chegar à Idade dos Metais, no mínimo, a fim de que inventassem o instrumento indispensável para manter a calma e a atitude zen dos budistas: o cortador de unhas!
Sem esse grande invento da humanidade, o jeito de acabar com as unhas compridas tinha de passar por atos extremos, totalmente contrários à filosofia faça amor, não faça guerra: arranhar as paredes das cavernas ou a cara do marido, tamborilar a mesa, no caso das mãos, chutar pedras, no caso dos pés, ou ainda, símbolo máximo da ansiedade, fazer justiça com os próprios dentes, ou seja, roer. O que me faz pensar que o povo das cavernas devia ser contorcionista para conseguir alcançar o dedão do pé. Credo!
Viu? Sem chance de imaginar um Neanderthal em posição de lótus entoando mantras e fazendo meditação, a não ser que ele fosse uma encarnação ancestral do Zé do Caixão!
Eu sei que tem gente que vai dizer que eles não tinham cortador de unhas, assim como não tinham pás, facões, nem talheres. Isso significa que cavavam a terra com os próprios dedos para plantar, pegavam o touro à unha e depois comiam tudo com as mãos. Será que lavavam antes? Que nojo!
Tudo bem, essas atividades todas deviam fazer quebrar as unhas deles sem parar, o que me faz concluir que as mulheres Uga-Uga viviam uma TPM constante: tem coisa mais irritante do que unha quebrada? Por outro lado, não tinham de lavar louça... Acho que isso vai exigir que eu reveja meus conceitos...
O fato é que os adultos tinham atividades que mantinham as garras sob controle. Mas, e as crianças? Essas criaturinhas já saem da barriga com unhas nas pontas dos dedos. Com aqueles movimentos estabanados de braços e pernas, não tem como escapar de uma arranhada de bebê! Coisinha deveras enervante também, diga-se de passagem. Não imagino que as mamães-Pedrita ficassem roendo as unhas das mãos e dos pés de toda a prole. Não existia pílula! Até roer vinte unhas de cada filho a mãe ficava num estado de irritação tal, que comia os dedos dos pimpolhos para acabar de vez com aquela função.
Está provado! Os viventes da época das cavernas eram todos uns estressados, histéricos e mal-humorados. Como maracujá é fruta tropical e tinha projeto de homem civilizado na terra inteira, foi só porque ninguém aguentava mais aquela ansiedade toda num mundo sem ansiolíticos que a humanidade evoluiu para a Idade do Metal. Apenas para poder inventar o cortador de unhas!
Concordo... Uma semana de férias foi pouco. Ainda estou sob os efeitos devastadores do excesso de trabalho do ano passado e, já que hoje existe cortador de unhas e não posso usar as técnicas das cavernas impunemente, extravaso meu stress escrevendo essas bobagens... É a única explicação para reflexões doidas como essas.
Acho que voltarei para a beira da praia esperando a passagem daquele vendedor de água de coco que, apesar do corpo cabeludo me lembrar os Flintstones, tem a ajuda de um facão para abrir o fruto cuja água beberei de canudinho.
Como é maravilhosa a evolução!
P.S.: hoje, primeiro de janeiro de 2009, escrevi um texto sem usar uma vez sequer a palavra ideia, cuja nova grafia ainda repilo, embora seja a única das novatas que conheça de cor. Se tiver erros das recém[-]chegadas (com hífen ou não?) regras de ortografia, é culpa do meu editor de textos que ainda não aprendeu as novas.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Lumbago, eu? Nunca mais!
Fiquem vocês sabendo que agora sou a feliz proprietária de um suporte para shampoos e cremes que está devidamente instalado no meu banheiro! Eu sei. É uma bobagem tão grande, uma coisinha tão simples, dessas que a gente se diz: mas por que demorei tanto pra comprar isso?
Recentemente fiz quatorze anos de casada e já nem lembro mais o que eu pensava a respeito ou como era minha vida de solteira quanto a shampoos, cremes e afins. Juventude, sabem como é, né? Minhas passagens pelo banheiro eram meteóricas. Uma duchinha rápida, um lápis e um batom, cabelos secos ao vento e tchau! Mas aí, casamento vem, cabelos vão, rugas, filhos, flacidez, celulite, estrias... A gente nem percebe, mas um dia conta quantos cremes tem de usar pra ir apagando os incêndios pelo caminho e se espanta!
Acho que desde que falei o Sim! e ouvi o Pode beijar a noiva! comecei a querer um suporte para shampoos e cremes no meu banheiro. Mas fui deixando, deixando, até que engravidei e aí... o bicho pegou!
Se uma mulher conseguir resistir e passar incólume pelos cremes e tratamentos de beleza a vida toda, vai necessariamente capitular no momento em que sair do laboratório com um pedaço de papel onde está escrito que a taxa do Hormônio Coriônico Gonadotrófico não deixa dúvidas: existe um outro ser crescendo e se desenvolvendo dentro do seu corpo, o que vai fazer com que ela engorde, o cabelo caia, a celulite apareça, as manchas invadam o rosto, além de, muito provavelmente, a barriga transforme-se em um sol, ou seja, uma bolota cheia de raios!
Para não se desesperar ela vai pensar na bênção de ter filhos que sejam saudáveis e que façam aquelas gracinhas lindas como lançamento de cocô à distância, vômitos na hora de sair para o trabalho ou grosserias na frente dos amigos na época da adolescência. O que consola é que, para compensar tudo isso, na velhice o filho vai acabar enfiando a mãe num asilo! E ainda por cima estrias na barriga? Vamos mudar o ditado: ser mãe não é padecer no paraíso, mas sim, ter alguns momentos de felicidade no purgatório!
Enfim, diante de tal cenário de horrores não há outra alternativa a não ser virar expert em cremes de todos os tipos, muitos dos quais serão usados em pleno banho. É nesse hora que será mais do que necessário um suporte para manter todo esse arsenal de guerra à altura das mãos já que muitas vezes os olhos estarão fechados embaixo da água. Isso sem falar no barrigão! Quem já passou pela experiência de tentar pegar um shampoo no chão com barrigão de sete ou oito meses vai me entender perfeitamente. Simplesmente não dá!
Pra falar bem a verdade, eu já tinha tentado ter suportes de cremes e shampoos. Mas foram experiências, digamos, infelizes.
Na primeira delas comprei um suporte que era preso à parede por meio de ventosas. Ventosa, para quem não sabe, é aquele círculo de borracha que deveria ficar grudado a uma superfície lisa pelo vácuo. Como não dá pra confiar muito nisso, o melhor é lascar um cuspe na bunda da ventosa pra dar uma ajudazinha para o vácuo. Aí espreme-se a coisa na parede pra tirar o ar, observa-se que grudou, vira-se as costas e PLAFT! Seja o que for que estivesse preso, vai cair! Dá quase pra imaginar a gargalhada da tal da ventosa!
Nem sempre cai tão rápido, é claro. O intervalo de tempo entre a fixação da ventosa na parede e a queda não tem nada ver com peso, fórmulas da Física ou lei da gravidade. Nada disso! Tem a ver com o grau do estrago ou do susto que a queda vai causar. No caso do meu suporte do banheiro, ele caiu poucas vezes, mas todas traumáticas. Geralmente no meio da madrugada, na única noite em que as crianças decidiram não acordar. É claro que depois do susto com as coisas que despencaram no chão não só acordávamos todos em casa, como também os vizinhos de cima, de baixo e, talvez, dos prédios próximos.
Durou pouquíssimo o suporte para cremes e shampoos sustentado por ventosas...
Antes que alguém aí fique pensando: Mas por que não enfiar uns pregos ou parafusos de uma vez na parede? já adianto que: primeiro, em apartamento alugado eu evito ao máximo os furos na parede e, segundo, furo em parede de banheiro então... Morro de medo de um esguicho no meio do nariz por causa de um cano furado. Definitivamente, furos em banheiro estão fora de cogitação.
Levei um tempo para superar o trauma daquele estrondo na madrugada. Mas, enfim, acabei comprando outro suporte...
Esse era todo de metal e de pendurar como cabide. Genial! Quer dizer, seria genial não fosse o detalhe de que não havia lugar para pendurar o tal cabide no banheiro em que eu vivia na época! As torneiras ficavam na banheira. O chuveiro era uma ducha presa à parede por um suporte. Eu não podia acreditar! Não quis me deixar vencer. Botei meu espírito MacGyver para trabalhar e, com dois elásticos de dinheiro e uns pedaços daqueles arames que prendem os brinquedos nas caixas, dei um jeito de pendurar a coisa no tal suporte para ducha. Não é que funcionou? Fiquei até orgulhosa da minha proeza estilo Professor Pardal. Mas, uma semana depois, estávamos todos no melhor do sono quando... SPLASH! Vou contar para vocês que shampoos e cremes que despencam dentro de uma banheira no meio da madrugada fazem a gente pensar que a casa foi atingida por um avião desgovernado!
Depois dessa eu ainda quis insistir algumas vezes, mas o risco de ter a polícia batendo à porta da minha casa de madrugada por insistência dos vizinhos me desestimulou. Desisti.
Voltei a espalhar cremes e shampoos pelo chão. Eu nem estava mais grávida. Até precisava de um exercício de abaixa e levanta justamente para acabar com aquela barriga que, uma vez que não continha mais nenhuma criança, não tinha nenhuma razão de existir!
Esqueci o assunto.
Até que, há poucos dias, dei de cara com o tal suporte. De pendurar! Lembrei do meu novo banheiro com duas torneiras no meio da parede e mais uma saboneteira de metal bem saliente! Cheguei em casa e, não só consegui pendurar o tal suporte, como ele foi capaz de conter todos os vidros de shampoo, cremes, gel, pedra para lixar os pés, aparelhinho de depilação, tudinho! A cada banho olho embevecida para o meu suporte. Como pude viver tanto tempo sem ele? Tem lugar mais do que merecido no meu rol de grandes inventos da humanidade. Minha coluna que o diga!
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Em tempos de férias, ficamos sem a versão para impressão por enquanto.
Internet tem em todo lugar, mas meus modelinhos, programinhas, etc... só em casa!
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Muito melhor que bombril e canivete suíço juntos!
Ando assustada! Acho que essas criaturas do homem têm sentimentos, se comunicam por ondas de algum tipo, sei lá!
Recentemente fiz aqui uma declaração de amor rasgado ao meu forno de microondas. Eu sei que vocês não vão acreditar em mim, mas assim que publiquei aquele post, fui tomar água, fria é claro já que chá quente seria complicado, e ele tinha voltado à vida! Meu forno de microondas simplesmente voltou a funcionar depois de uns dias de beicinhos, manhas e pitis existenciais.
Claro que fiquei feliz e achei que tudo ficaria bem quando, uns dias depois, meu celular decidiu dar uma de vagalume e começou a também aprontar uma comigo. Ficou com ciúmes do microondas, vejam se eu posso com isso!
Dessa vez fui firme! Nada de cenas melodramáticas com lágrimas e ranger de dentes da minha parte. Onde é que já se viu? Daqui a pouco vou estar no meio de um motim de eletrodomésticos e afins! Fui enérgica. Marchei para a loja decidida a trocar esse aparelho por outro. Claro que me engalfinhei numa briga de foice com a companhia telefônica por conta de pontos, direitos, promoções e por aí vai.
O importante é que mostrei quem manda nessa casa! Rapidinho ele parou com aquela mania de ficar desligando por qualquer coisa e lá de vez em quando solta um soluço profundo e dá uma apagadinha. Ele sabe que ainda está sob ameaça de abandono, passou a me respeitar.
Mas é claro que esse episódio me fez pensar. Fiquei chocada com a catástrofe que seria para mim, hoje, ficar de uma hora para outra sem celular. É assustador!
Pra começar, perderia boa parte do contato com o mundo, já que minha agenda de telefones está lá, e só lá! No tempo das ultrapassadas agendas de papel, eu procurava um nome e discava os números o que podia até deixar registrado em algum canto obscuro da minha memória aqueles mais usados. No celular? Teclo a primeira letra do nome, umas setinhas pra cima ou pra baixo e aperto um botão verdinho. Ele faz todo o resto, não faço nem idéia do número para o qual ele chama, mesmo que ele me mostre, confirme, essas coisas. Eu sei, eu sei, me acomodei. Mas quem ainda sobrecarrega os próprios neurônios com números de telefone?
Então, perder o celular pode significar perder também a agenda com todos os telefones, não só daquelas pessoas pra quem eu ligo sempre, mas também daquela amiga de infância que encontrei por acaso na rua, ou do eletricista sensacional que descobri acidentalmente quando conversei com aquela massagista freelancer que só marca horário pelo celular cujo número, isso mesmo, também está gravado na agenda do meu próprio celular!
É por isso que inventaram os tais aparelhos com chip. Só pra poder transferir a agenda de um telefone para outro inteiramente. O que acontecia com as obsoletas agendas de papel quando eram trocadas? Eu, pelo menos, nunca passava tudo a limpo, acabava ficando com duas ou três e enlouquecendo parcialmente. Com agendas de celular era a mesma coisa. Trocava de aparelho e tinha de manter o antigo (junto com bateria, carregador e todas a chatices) só por causa da agenda.
Mas isso não é tudo!
Nunca consegui usar agenda de compromissos. Já tentei muitas vezes. Começo bem. Um tempo depois passo a anotar não o que está por vir, mas o que já passou, até que acabo deixando pra lá. Então descobri, maravilhada, que não só posso marcar compromissos no meu celular, como ele me avisa disso! Diante da quantidade médicos e exames, meus e das crianças, que eu tenho de gerenciar, essa característica do celular me tornou ainda mais dependente dele. É meu secretário particular, incansável, pontual, irrepreensível. É quase um mordomo que me acorda na hora certa, me avisa sobre tudo o que não posso esquecer, da maneira mais discreta possível. Uma vibradinha e pronto! O compromisso não corre mais o risco de ser perdido.
Agora ando nas ruas com um novo pavor: o de que meu celular seja roubado!
- A bolsa ou a vida!
- A vida, a vida! Mas deixe também meu celular, por favor. Ele é praticamente metade da minha vida. Não? Tá, então deixa o chip. Pelo menos me deixe copiar os compromissos das próximas semanas!!! Tem um papel e uma caneta aí pra me emprestar? Aí, valeu!
Uso meu celular na cozinha também! Ele tem um cronômetro onde marco os tempos de cozimento: 10 minutos, ele apita. Nunca mais errei na hora de assar Madeleines: 4 minutos em forno alto, piiii, 7 minutos em fogo baixo, piiii, voilà!
E os recadinhos? Quando nada funciona, o som está alto, não dá pra falar, no meio de uma aula, em plena reunião, entram em ação os torpedinhos. Dos mais pragmáticos aos mais ousados. Sem eles não vivo mais!
Rádio, máquina fotográfica, filmadora, tocador de música, acesso à internet, GPS e, agora, televisão! O modelo que uso nesse momento não tem nada dessas modernidades, mas tem uma lanterninha que já me socorreu em inúmeras situações! E eu nem mencionei as várias outras funcionalidades incríveis que já são possíveis, fora as que ainda estão em projeto e que logo serão.
Vocês, como eu, elevavam seus pensamentos mais agradecidos a Alexander Graham Bell, inventor do telefone? Pois vão ter de, também como eu, mudar de santinho. Em 2002 foi reconhecido pelo congresso americano o italiano Antonio Meucci como o verdadeiro inventor do telefone. Eu sempre soube que ficar decorando aquelas coisas na escola era bobagem! Vejam o mundo em que vivo agora. Tudo que eu quiser saber sobre cultura útil ou inútil está a alguns cliques de distância na internet. Dá até pra acessar pelo celular!
Bombril perde de lavada! Sem falar que os suíços devem estar morrendo de inveja do italiano. Ele inventou uma coisa que tem muito mais que as 1001 utilidades do famoso canivete!
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segunda-feira, 21 de abril de 2008
Desesperada... sou eu assim sem você!
Quero deixar aqui minha declaração de amor, junto com insistentes pedidos de Volte, por favor! Minha vida não é mais a mesma desde que você partiu! ao meu querido forno de microondas...
Na última sexta-feira, sem mais nem menos, sem qualquer aviso prévio, ele simplesmente parou de funcionar.
Parênteses.
Tenho uma grande amiga, Giuse, e nos acontecem coisas, no mínimo, intrigantes. Umas coincidências bizarras... Ela estava aqui em casa quando meu amado forno de microondas exalou seu último suspiro e, quando chegou em casa, constatou que seu próprio forno tinha, aparentemente, também passado desta para melhor. No caso dela, o forno voltou a funcionar. Deve ter sido só um ritual de solidariedade entre fornos, sei lá.
Fecha parênteses.
Meu forno deu uma ressuscitada no sábado de manhã, dando a impressão de que tudo não tinha passado de uma espécie de catalepsia, como disse a Giuse a respeito de seu próprio forno, mas logo em seguida, fim! Sinais vitais a zero. Nada mais a fazer...
Claro que isso jamais teria acontecido numa segunda-feira com toda uma semana de comércio aberto pela frente. Não! Tinha de ser em véspera de fim de semana, com feriado na segunda, e ainda com requintes de crueldade, como dar uma funcionadinha no sábado de manhã só pra eu não me adiantar e aproveitar as lojas de assistência técnica abertas até o meio-dia. Quanta ingratidão depois de tantos anos de convívio!
Tudo bem, tudo bem! Você já fez a sua ceninha, já me provou que eu não consigo viver sem você, agora volte, por favor!!!
É incrível a falta que ele me faz. Ainda no sábado à noite eu fui preparar um simples café-com-leite. Medi o leite na xícara, coloquei numa panelinha e liguei o fogão. Primeiro problema: quanto tempo deixar ligado? Eu já tenho calculados os tempos de aquecimento do leite para cada um aqui de casa. Mas não faço a mínima idéia de quanto tempo deixar o gás ligado! Quando começaram a se formar bolhinhas nas laterais da panela, desliguei. Verti o leite na xícara, coloquei adoçante, café solúvel e, no primeiro gole... blarghhhh! Frio! Volta o leite para a panelinha. Não sem pingar no fogão, escorrer pela lateral da xícara e sujar o tampo da pia. E mais! Na segunda passagem da panelinha pelo fogo, o leite anterior começou a queimar, ressecar e grudar. Lavar panela de leite grudado está catalogado entre os grandes suplícios da lavagem de louça, comparado a lavar panela de arroz e travessas de assados que foram e voltaram ao forno diversas vezes. Vislumbrei meu futuro tendo de lavar panelinhas de leite uma ou duas vezes por dia, eu, que odeio, deploro, abomino lavar louça, e imediatamente me atirei aos pés do meu microondas chorando e bradando: Por que você foi fazer isso comigo?
E olhem que resisti à tentação de sair de perto da chama acesa. Invariavelmente deixo o leite ferver e derramar e isso não aconteceu dessa vez, o que significa que não tive de também limpar o fogão. Existem palavras mais sábias do que aquelas do ditado que diz Nada é tão ruim que não possa piorar?
E não acabou por aí!
Na hora de fazer o almoço senti novamente falta do meu forninho. Precisava de um mísero copinho de água quente. Só pra dissolver cubinhos de tempero. Mas nada de microondas. Peguei chaleira (quanto de água, meu Deus?), liguei o fogo, esqueci a chaleira ligada, a água secou, comecei tudo de novo, ai... por que não tem chaleira que faz biiiiip quando termina? Mas que coisa!
No dia seguinte, decidi nem fazer comida. Só esquentar o que já estava pronto. Só que, esquentar sem forno de microondas significa tirar a comida dos potinhos em que estavam na geladeira e colocar cada item em uma panela, já que potinhos de plástico não vão diretamente ao fogo. Além disso, que quantidade esquentar? Sabe-se lá quanto é a fome de cada um, então esquenta tudo de uma vez. Hábitos automatizados vão fazer com que nem se pense nos restos, portanto, os potinhos originais terão ido parar na pia e já estarão cheios de água, o que vai fazer com que novos potinhos tenham de ser utilizados. E, no caso da comida não totalmente consumida, essa seqüência do esquenta-esfria vai ressecar o molho e deixar tudo horrível.
Ao final de uma singela operação de esquentar uma refeição já pronta, sem o uso civilizador do microondas em que a comida fria vai parar diretamente nos pratos na quantidade certa, a pia da cozinha estará transbordando de potinhos plásticos acompanhados de suas respectivas tampas, diferentes panelas usadas para aquecer cada item individualmente, e também dos pratos, talheres e copos que foram utilizados. “O horror! O horror!” Uma cozinha assim é a real visão desesperadora e não aquela que teve o Sr. Kurtz, personagem de Joseph Conrad no romance O Coração das Trevas, que proferiu essas palavras logo antes de morrer doente, ferido, num barco, no interior de uma floresta da África, cheia de bichos estranhos e atacados por grupos hostis. Se ele tivesse tido tempo de ver uma cozinha imunda sem que uma refeição tenha sido preparada do início ao fim, aí sim saberia o que é o verdadeiro horror!
Não pude deixar de imaginar uma situação ainda pior... As incontáveis madrugadas enquanto meus filhos eram bebês em que tive de levantar para fazer mamadeira. E se eu não tivesse microondas naquela época? Não teria chegado viva até aqui sem um forno de microondas, isso é um fato mais do que evidente!
Engana-se quem pensa que um microondas é praticamente inútil porque serve só para esquentar. No só da frase anterior estão embutidos momentos preciosos de sono perdido na preparação de mamadeiras noturnas, muita louça suja, fogão imundo, horas diante da pia transbordante, comida queimada porque nos distraímos e não prestamos atenção ao tempo, leite derramado e tantos outros cenários ainda mais horripilantes.
Aquela euforia inicial de fazer comida em microondas foi fogo de palha. Evidentemente ele não serve para cozinhar. Uma pipoquinha de vez em quando, um brigadeiro às vezes, no máximo, um arroz. Já ouvi falar em experiências bem sucedidas com arroz. E não vai muito além disso. Quem quis justificar a existência do microondas pela culinária foi o povinho que colocou aquele só quando falou que microondas serve só para esquentar. É só isso mesmo e é MUITO!
Há quem lembre que microondas também serve pra descongelar, mas tenho de reconhecer que ele não é lá muito eficiente nessa tarefa. Dá uma ajuda, mas não mais do que isso.
Inaugurando a série de textos Grandes inventos da humanidade venho a público declarar meu amor e total devoção a você, meu querido e amado forno de microondas. Por favor, volte! Eu prometo agrados diários, produtos de limpeza específicos, uma gratidão maior, bem maior, do que a que eu tenho pelo meu forno a gás ou pelo meu forno elétrico.
Só não posso deixar que os outros fiquem sabendo disso. Se mais algum eletrodoméstico resolver se rebelar eu não sei o que será de mim!
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