segunda-feira, 6 de abril de 2009

Paf! Paf! Paf! Toc! Toc! Prrrrrrrrrrrfshhhhhh... Zuuuummmmmmm!!!!!!

Este blog está passando por reformas de visual. Ele estava precisando de uma repaginada, um novo look, novos ares, ou seja, só frescura!

Por isso, coisas estranhas podem acontecer nos próximos dias... Links desaparecerem, imagens aparecerem, cores aqui e ali, em resumo, uma bagunça! Não estranhem...

Um dia volta tudo ao normal e em grande estilo! Espero!

Os posts continuam, é claro!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Alguém sabe o endereço da TFP?*

Vários motivos me fizeram mudar da área de Exatas para a área de Humanas. Um deles foi, depois de anos trabalhando com Informática e com a idade chegando, estar cansada de substituir conhecimentos. Queria poder acumular sabedoria.

Por exemplo, quando apresentei meu projeto de dissertação de mestrado estava com um barrigão de nove meses de gravidez. O Felipe nasceu quinze dias depois que eu, com aquela pança imensa, assumi o compromisso de fazer um trabalho que gerasse bases de dados estruturadas a partir de documentos semiestruturados escritos em linguagem HTML. Não entenderam nada? Nem gastem seus neurônios tentando entender! Isso já não tem mais validade quase nenhuma uma vez que apresentei o projeto, o Felipe nasceu, fiquei em licença maternidade pela eternidade de quatro meses e, quando voltei a trabalhar, meu tema de pesquisa já estava desatualizado. O hit do momento era linguagem XML e não aquela coisa obsoleta de linguagem HTML. Obviamente eu não dei a menor bola pra isso, empunhei meu chicote de Indiana Jones e, assumindo um ar de arqueóloga de bits e bytes, continuei o trabalho tal como havia previsto no início. Mas confesso que desanimei...

Meus alunos ficavam mais jovens, eu, mais velha, e minha sensação era a de que meus conhecimentos regrediam. A cada vestibular, meus novos pupilos pareciam íntimos de um mundo de temas da Informática que eu ignorava completamente. Era desesperador!

Portanto, ninguém vai estranhar minha alegria quando fiz o primeiro trabalho do curso de Letras. Era uma pesquisa sobre Homero, aquele que escreveu a Ilíada e a Odisséia. Quando terminei o texto e listei as referências bibliográficas que tinha utilizado, fiquei extasiada! Disse ao Vidal:

- Olha só esta lista de referências: tem livros da década de 60! Acredita? Livros mais velhos do que eu! Meus trabalhos no mestrado só referenciavam artigos de, no máximo, três anos de idade. E agora...

Meu surto eufórico foi às alturas:

- ... vai demorar uns trezentos anos pra mudar um acento em uma palavra sequer! O Machado de Assis nunca mais vai escrever nada de novo!! Eu posso ler todos os livros dele. Todos! Todinhos! Vou acrescentar novos conhecimentos aos que já possuía, não vou ter de substituir a cada mês o que eu sabia por coisas que tenho de aprender do zero. Com a passagem do tempo saberei cada vez mais. Dificilmente vou viver de novo o constrangimento de pensar que deveria trocar de lugar com meus alunos e virar aluna deles! Isso não é maravilhoso?

Oito anos depois, só oito anos, não foram oitocentos, muito menos oitenta, de jeito nenhum, oito míseros aninhos depois, vi o português passar por uma reforma ortográfica...

Eu nunca tinha sido capaz de gravar aquelas regras dos hífens... Mas descobri que o que era ruim podia ficar ainda pior, uma vez que, se antes eu sabia pouco, hoje simplesmente não sei nada! Tinha orgulho de conhecer de cor todas as regras de acentuação. Todas! Decorei essas regras ainda na a oitava série, quando comprávamos a um custo de cinquenta centavos as fichas com as famigeradas normas elaboradas pelo Professor Angelino, fichas essas que duravam anos e anos e anos... Hoje... Passo por momentos de dolorida hesitação a cada acento que escrevo...

Porém, apesar do novo acordo ortográfico, senti que nem tudo estava perdido! Fiz uma habilitação em Letras Francês e não Português. Isso quer dizer que jamais serei professora de Português. E, o principal, estou para ver instituição mais conservadora do que a Academia Francesa! Ufa! Desde a época da Maria Antonieta, no mínimo, a grafia do francês é praticamente a mesma! Eles resistem bravamente aos neologismos, aos estrangeirismos, aos modismos e a outros ismos que existem por aí. Nada dessa coisa de ficar mexendo em time que está ganhando! As pessoas mudam o jeito de falar, mas a Academia os ignora solenemente. O resultado é que existem palavras em francês nas quais cinco letras juntas representam um único som, mas tudo bem. É um pesadelo para quem está aprendendo, mas, vejam só, eu já sei! Portanto, além de garantir meu emprego por anos e anos, não tenho de gastar sinapses decorando novas regras. Se Maria Antonieta reencarnasse por aqui, provavelmente não conseguiríamos conversar por causa da diferença de pronúncia, mas eu seria capaz de ler o blog dela sem o menor problema! Que coisa mais civilizada um povo cioso de suas tradições e costumes. Quanta tranquilidade para nós, pobres professores, cujos neurônios estão cansados de serem açoitados sem cessar! Mas...

Há algumas semanas, surfando freneticamente por sites franceses na busca de materiais para minhas aulas, vi uma manchete que despencou como uma guilhotina na minha cabeça: Confira aqui as novas regras de ortografia da língua francesa!

DÁ PRA ACREDITAR?!!!!! Que tipo de perseguição é essa?! Quem é que consegue manter o bom humor numa situação assim?

Eu só não me joguei no chão, arrancando os cabelos, arranhando a face e rasgando as vestes porque, abençoados sejam esses franceses, a tal reforma é só uma recomendação, e apenas para duas mil palavras. Isso quer dizer que eles sugerem uma nova grafia, mas quem quiser continuar usando a antiga, tudo bem! Não podia ser diferente para um povo que, dez anos depois de ter adotado o Euro como nova moeda, ainda continua falando valores das coisas em Francos, recebendo extratos bancários em Francos e indicando os preços dos produtos nas lojas em Francos. Tem gente que ainda fala valores em Francos antigos, os quais deixaram de existir em 1960! Uma moeda anterior àquela que também já não existe mais! Isso até pode ser assunto pra um outro post, mas admito que cheguei a criticar levemente esse apego exagerado dos franceses ao que é tradicional e antigo. Grito a plenos pulmões agora que que retiro o que disse imediatamente! Bendito e santo povo que resiste às inovações!!!

Já que em relação às regras ortográficas tive de abandonar completamente minha euforia inicial nesse novo métier, quanto a Machado de Assis e outros escritores passados desta para melhor... bem... por via das dúvidas, estou evitando centros espíritas. Vai que o Bruxo do Cosme Velho resolve fazer jus ao epíteto e está sussurrando novas aventuras de Capitu em ouvidos mediúnicos por aí. Eu não resistiria a mais esse golpe do destino!

*TFP = Tradição Família e Propriedade. Que pelo menos esses não me decepcionem!