sábado, 10 de outubro de 2009

Cabelos soltos são mais seguros

Acabei de receber um email daqueles que tem todo o jeito de notícia falsa que circula na internet, os mundialmente conhecidos, embora poucos saibam o nome técnico com que foram batizados, hoaxes.

Pasme, meu caro bleitor, segundo a mensagem, a China estaria fabricando elásticos de cabelo a partir de camisinhas usadas!
A amiga que me mandou o email já adiantava que a notícia tinha sido verificada, incluindo, para não deixar dúvidas, o link que comprova tudo. Eu, como boa descendente de São Tomé, fui atrás fazer minhas próprias pesquisas e descobri que é verdade mesmo! Quer dizer, parcialmente verdade...

É verdade que foram descobertos elásticos de cabelo feitos a partir de preservativos na China. O que não se tem certeza é se eram camisinhas efetivamente usadas ou se eram refugo industrial. É uma notícia velhinha, de 2007. Uma eternidade para os tempos em que vivemos...

Aquele Eugène Ionesco e seu grupinho achavam que tinham inventado grande coisa com o tal teatro do absurdo. Mal sabiam eles que o mundo real em que vivemos é infinitamente mais absurdo! O que é uma epidemia que transforma em rinocerontes os seres humanos de uma cidade diante de singelos elásticos para prender cabelos feitos de material originalmente criado para prender coisa bem diferente?

É tão absurdo que não vou nem comentar! Mas me diverti um monte pensando em coisas tão ou mais absurdas a partir desse simples fato do nosso amado mundo (ir)real. Vamos a elas...

Será que não foi uma revolta das próprias camisinhas que não queriam mais essa vida de simples objeto descartável, com trabalho forçado em ambiente escuro, úmido e, muitas vezes, insalubre? Elas se rebelaram! Queriam o direito a respirar ar puro, ver o mundo, viajar pelas cabeças femininas. Já que estamos falando de absurdo, nada é impossível, não? Tudo bem, tudo bem. É absurdo, mas nem tanto. Vamos botar os pés no chão e voltar à notícia.

Não se sabe se eram preservativos usados ou não. Vamos admitir que eram usados (blargh!).

Em primeiro lugar, fico realmente tranquila em saber que os chineses estão usando preservativos e diminuindo, assim, a quantidade de novos chineses sobre a face da terra. Que alívio! Eles tem essa imensa vantagem numérica sobre nós. Se não pararem de se reproduzir como coelhos não vai ter lugar pra todo mundo por aqui. E como ninguém mais vai querer prender o cabelo com medo de estar usando material que já frequentou outros pelos, vai acabar voando cabelo na cara da gente, o que será super desagradável. Então, que eles continuem usando camisinha!

Mas, se eram elásticos feitos a partir de preservativos usados, então, esses preservativos tinham de ser coletados de alguma forma. E eu me pergunto: como?! Como juntar tantos preservativos com jeitão de fim de festa? Todo mundo sabe que uma indústria chinesa não fabrica menos de um contêiner de um determinado produto. Pra fabricar um contêiner de elásticos de cabelo, seria necessário um contêiner de preservativos usados. O povo anda animadinho lá na China!

Continuo perplexa, tentando imaginar como essa coleta poderia ser feita. Será que tem um pessoal de triagem que fica separando as camisinhas no lixo? Catadores de camisinha nos lixões? Ou será que os chineses são educadinhos e tem cestinhos de lixo especiais para preservativos nas ruas... Vamos ficar com essa possibilidade.

Se existem cestinhos especiais para receber as camisas de Vênus depois da farra, de que cor eles seriam? Qualquer ser humano antenado e preocupado com o meio ambiente sabe que agora os cestos de lixo tem cores específicas: azul pra papel, vermelho pra plástico, verde pra vidro... Já foram usadas quase todas as cores básicas: amarelo, preto, branco, cinza, marrom, laranja e até mesmo o roxo que é pra material radioativo. Pras camisinhas sobrariam cores como salmão, fúcsia, cáqui, magenta, turquesa ou cirilo e isso geraria um problema imenso. Como é de conhecimento geral, camisinhas são usadas por homens. Portanto são eles que, a princípio, deveriam descartá-las. E é igualmente do conhecimento geral que os olhos masculinos são incapazes de diferenciar cores como bege ou terracota. Uma vez que todas as possibilidades que existem naquela caixinha de lápis de cor da pré-escola já foram usadas para outros fins na coleta seletiva, o que sobrou foi o transparente, logo, os cestos de lixo para coleta seletiva de camisinhas deveriam ser simplesmente transparentes, o que geraria um constrangimento sem fim!

Os pobres chinesinhos, ao se desfazerem de seus preservativos usados, acabariam por comparar o exemplar que estavam descartando com os outros já presentes no cesto em termos volume de preenchimento, tamanho final, taxa de laceamento, etc. etc. etc. Isso acabaria em depressão e, consequentemente, num imenso gasto de saúde pública em psicólogos e antidepressivos. Não! Definitivamente não deve haver coleta seletiva para preservativos usados na China. Acho que as mulheres chinesas de longas madeixas podem voltar a prender tranquilamente suas melenas: com certeza absoluta não foram preservativos usados que acabaram virando as alegres chuquinhas! Ufa!

O grande problema dos preservativos usados é que algumas mulheres colocam o elástico na boca antes de prender os cabelos e isso poderia ser fonte de contaminação com o vírus da AIDS ou outras doenças sexualmente transmissíveis. De qualquer forma, colocar o elástico na boca já é um ato meio nojento. Pelo menos, encontrar um cabelo na comida é nojento, não é?

Esse post já está ficando escatológico demais. Vamos passar rapidamente à outra possibilidade: os elásticos eram feitos a partir de refugo industrial. Alguma fábrica de camisinhas destinou os itens que não passaram pelo controle de qualidade para outros fins. De novo, algumas considerações a fazer.

Como será o controle de qualidade de uma fábrica dessas? Imagino uma longa esteira, pela qual passeiam os preservativos penduradinhos como se fosse um varal de roupas e, enquanto dão esse rolé, vários robôs testam os diversos quesitos que garantem a eficiência do produto. Um deles enche a camisinha de água pra ver se tem furinho, outro a preenche com um cilindro metálico e esfrega em tubos revestidos de espuma que imita os mais diversos músculos humanos pra ver se não rasga, um terceiro robô testa cilindros de várias espessuras e comprimentos pra determinar que tamanho vai colocar na etiqueta da embalagem... Agora fiquei com vontade de conhecer uma fábrica de camisinhas! Deve ser um cenário perfeito para uma peça do Ionesco, não? Claro que nem estou considerando a hipótese de esse teste de qualidade ser feito por mãos (ou outras partes do corpo) humanas! Seria absurdo demais! Nem Samuel Beckett teria uma ideia dessas!

Ficarei sem resposta a essa questão, infelizmente. Só considerarei o fato de que camisinhas foram refugadas e enviadas para uma outra fábrica (talvez até do mesmo dono, uma mente brilhante do mundo dos negócios) para serem transformadas em inocentes elásticos de cabelo. Independente da maneira como chegaram até lá, se era refugo e se ia parar no lixo, então qual é o problema? Não se fala tanto em reciclagem, em reaproveitamento? Esses materiais sintéticos tipo borracha, silicone, plástico são os grandes vilões da poluição, não? Então por que condenar os chineses quando eles resolvem ter uma atitude civilizada da mais pura cidadania mundial fazendo reciclagem? Ora, veja você! Ninguém está contente mesmo!

Bem, é papo abóbora demais para um sábado à noite, meio de feriado, às vésperas do horário de verão, quando eu deveria estar tomando sorvete à beira-mar, mas estou de pijama de soft e meia de lã, tomando chá pra esquentar e pensando seriamente em ligar um aquecedor. Isso sim é que é absurdo! Por via das dúvidas, estou de cabelos soltos. Você sabe, esquenta o pescoço! ;-)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Resolvido. Por hoje...

O marido atende ao telefone. Do outro lado a mulher, em prantos:

- Não suporto mais! Esses meninos brigam sem parar, correm, caem, se machucam. Eu não sou a mãe deles, sou só a avó e não tenho mais saúde para isso! Não dou conta dessa situação sozinha!

Ele desliga e corre para casa. Ao entrar, vê os netos que dormem tranquilamente no sofá da sala. Ouve o barulho do secador de cabelos da mulher no banheiro.

Eram dezenove horas de uma quarta-feira. Dia do futebol com os amigos...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O feminino, em essência

- Mamãe, quando é que eu vou crescer?

- Logo.

- Logo quando?

- O tempo vai passar e você vai crescer.

- Mas, quando?!

- Logo, logo! Pode ficar tranquila!

- Tá demorando muito!!!

- Por que você quer crescer tão rápido?

- Pra ter peitão e usar salto alto...

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PS.: uma L.E.R. impertinente está me deixando meio afastada dos teclados...