domingo, 7 de março de 2010

40 pensamentos em 40 anos de vida

Ano passado entrei para um grupinho do qual não sairei mais. E, se sair, vai ser num estado tão lastimável que é melhor nem desejar isso. Agora faço parte oficialmente do grupinho dos enta. Aqueles que têm quarenta, cinquenta, sessenta anos... Pra sair dele, só depois de apagar cem velinhas e acho que não terei fôlego pra tanto.

Fazer quarenta anos é pra ser um marco na vida, não? Algumas idades têm esse poder: quinze, dezoito, vinte e um e, a partir daí, as idades redondas como trinta, quarenta, e por aí vai. Eu confesso que estou gostando de ter essa idade redondinha, embora não esteja gostando muito do fato de estar redondinha, mas essa é uma outra história.

Acho que sou uma pessoa melhor aos quarenta do que aos trinta. E infinitamente melhor do que aos vinte. Claro que estou falando da cabeça, mais especificamente do conteúdo dessa cabeça, é evidente!

Há alguns meses recebi um desses emails que circulam por aí com uma lista de lições que uma mulher aprendeu da vida. O email dizia que ela tinha noventa anos, mas pesquisando na internet descobri que ela tem cinquenta, e que escreveu a lista pela primeira vez aos quarenta. Depois foi acrescentando novos itens na medida em que foi ficando mais velha, mas está ainda loooonge dos noventa! Isso me fez pensar que as pessoas imaginam que é necessário chegar ao fim da vida pra ganhar sabedoria. Boa notícia: dá pra ganhar antes! E melhor ainda, quanto mais o tempo passa, mas espertinhos vamos ficando, desde que estejamos dispostos a tomar uns remédios amargos por aí...

Pois bem. Achei interessante a ideia da Regina Brett e decidi criar minha própria listinha com quarenta coisas que aprendi nesses quarenta anos (muito bem) vividos. Não fui mais ler a lista dela para não me influenciar (tinha muita coisa legal ali). Simplesmente fui listando pra mim mesma o que considero que sejam lições aprendidas e internalizadas, gravadas a ferro e fogo sem chance de serem esquecidas. Divido aqui com vocês esses meus pensamentos soltos.

Só peço uma coisinha: se alguém decidir passar por email por aí vai me deixar imensamente feliz, mas por favor não mudem (ainda) minha idade pra noventa, tá? Prefiro chegar aos noventa depois de passar por mais cinquenta anos inteirinhos! :-)

Lá vai...

1. A coisa mais difícil de encontrar na vida é o equilíbrio.

2. Só o que é possível me faz sofrer. A partir do momento em que percebo que algo é impossível, deixo de sofrer por isso. Sofrer pelo impossível é inútil.

3. Eu alcancei quase tudo o que desejei. Mas isso só aconteceu quando deixei de pensar obsessivamente nesses desejos.

4. Sempre que desejei algo e não alcancei, depois percebi que não teria sido bom pra mim.

5. Amigos são circunstanciais. Família é pra vida toda.

6. Mas há amigos que também são pra vida toda, seja qual for a distância que estiverem de mim.

7. Não há como apressar a experiência de vida, assim como não se pode apressar a gestação de um ser.

8. Foi quando fiquei muito longe do meu país que mais aprendi sobre ele. A compreensão de muita coisa exige distanciamento.

9. Tentar resolver problemas que ainda não tinha muitas vezes só fez com que aparecessem problemas que passei realmente a ter.

10. Só os sobreviventes têm cicatrizes. Quem não tem cicatrizes, ou nunca lutou, ou já morreu.

11. Eu não estou livre de ter os mesmos sentimentos ruins que tanto critico nos outros. Aliás, muitas vezes acabei fazendo exatamente aquilo que critiquei no outro.

12. Os monstros dos quais tive mais medo sempre eram muito mais assustadores na imaginação do que na realidade.

13. Todas as pessoas têm sempre alguma coisa incrível pra contar sobre a vida delas.

14. A generosidade não é desinteressada.

15. Buscar a perfeição só me deixou mais imperfeita.

16. A maternidade não me tornou sobre-humana. Eu continuei a sentir cansaço, raiva e dor, mesmo em relação aos meus filhos.

17. Mas, me sentir humana sendo mãe, só me tornou mais livre e acho que fará com que eu sofra menos a solidão no futuro. Não cobrarei presença dos meus filhos porque saberei que eu mesma não dei de mim o que eles gostariam de ter tido.

18. Ter filhos é perder a chance de ser arrogante. Os filhos me mostraram o quanto sou falível.

19. Qualquer situação, por pior que seja, tem sempre um aspecto positivo a considerar. Basta procurar.

20. O bem mais precioso que possuo é meu tempo. Só que o tempo que tenho nunca vai ser suficiente pra eu fazer tudo o que tenho vontade.

21. O conhecimento inebria e propicia momentos de extrema felicidade. Mas quanto maior o conhecimento, mais raras são as ocasiões de sentir essa felicidade porque mais absurdo parece o mundo.

22. Saber que outras pessoas têm problemas maiores do que os meus não diminui a dor que sinto.

23. Entretanto, sempre que consigo rir das minhas próprias mazelas, tudo fica menos difícil.

24. Não importa o tamanho da bolsa ou da mala, sempre vou enchê-la.

25. O corpo tem limites. E é muito difícil conviver com eles.

26. Cada idade tem alguma coisa muito legal que só é possível de ser vivida plenamente naquela idade.

27. Criar e alimentar expectativas só estraga a vida.

28. Não dá pra manter a proximidade com todas as pessoas que eu gostaria da maneira como gostaria.

29. Trabalhar no que eu gosto garante muitas horas de diversão no dia.

30. Eu não preciso de tudo o que compro.

31. Mas de vez em quando é muito bom comprar coisas das quais não preciso!

32. A rigidez de crenças e comportamentos só fez com que eu me quebrasse mais rapidamente.

33. Meu pior inimigo, aquele que é mais cruel é o senso comum. Como contradizer o senso comum? Como lutar contra o que é invisível e que, mesmo assim, sufoca?

34. A melhor forma de gastar meu dinheiro é com cursos e viagens. Ninguém pode roubar de mim o que vivi e aprendi.

35. Os filhos não têm de participar das discussões dos pais.

36. A maioria daquelas mensagens filosóficas de autoajuda é verdadeira. Mas elas são quase todas muito chatas!

37. Assistir ou ler jornais me deixa infeliz. Então não assisto. O que for realmente importante vou ficar sabendo, no nível de detalhe em que preciso saber. Nem mais, nem menos.

38. Os momentos em que eu mais ganhei vida, foram aqueles em que perdi meu tempo com bobagens inúteis.

39. As pessoas que têm sorte são as que acreditam que ela existe.

40. A maior parte das coisas que aprendi foi vivida desde que nasci, mas só ficou realmente clara nos últimos anos.

11 comentários:

  1. Seja bem vinda Juju ao clube! beijos!

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  2. Oi, Ju!
    40 "lições aprendidas" não é coisa fácil de catalogar... Isso já lhe faz campeã!
    Particularmente, tem coisas na sua lista que eu aprendi diferente e outras que nem cheguei perto e outras que já estão sacramentadas... é por isso que acho tão rico o ser humano... o universo de possibilidades é imenso!!
    Beijinhos carinhosos

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  3. ah, adorei a sua lista!! e me vi balançando a cabeça concordando em alguns itens... =D
    beijocas,
    da harumi

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  4. Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do blog Fabrício Carpinejar. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Eu sei que é um abuso da minha parte te mandar essa propagando control c control v, mas sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas no blog do meu xará, inclusive é seguidor do meu blog, claro que ela faz isso mais por gentileza do que pela qualidade do meu texto, mas estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs



    Narroterapia:

    Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.


    Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.


    Abraços

    http://narroterapia.blogspot.com/

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  5. Tem selinho pra você no Quarto da Mel

    beijoos

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  6. Andrea

    Obrigada! O legal é saber que esse clube tem um monte de gente legal :-)

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  7. Lili

    Realmente a diversidade é uma coisa maravilhosa! Foi justamente porque a lista original daquela americana não me servia completamente que eu acabei fazendo a minha. No fim das contas, as listas são pessoais. Mas pensar sobre elas é coisa que não fazemos sempre, então, aceitei o exercício e achei ótimo!

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  8. Oi Fabrício

    Você já começou bem: tem o mesmo nome do Carpinejar que é um excelente escritor e também o mesmo nome do meu irmão :-)

    Muito obrigada pelo convite, prometo passar por lá.
    Infelizmente estou meio afastadas de blogs (meu dia insiste em ter só 24 horas, não tem jeito), então não estou acompanhando mais assiduamente os blogs que costumava acompanhar. Mas visitinhas rápidas e meteóricas sempre dá pra fazer!

    Você também, sinta-se à vontade pra voltar, se puder.

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  9. Andréa

    Muito obrigada pelo selinho!
    Assim que possível vou publicar por aqui.

    Obrigada mesmo!

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  10. Harumi

    Bom saber que você balançou a cabeça concordando com alguns itens
    Pelo menos não estou maluca sozinha!

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  11. Olha só.. procurando na internet textos e inspirações pra escrever sobre 40 anos, me deparei com seu texto de mais de um ano atrás! Ótimo. parabens! Estou nos 32.. mas sempre acho interessante estes momentos de reflexão e listas... voltarei mais.. bjs

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