quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Se correr ainda dá tempo de fazer o vestibular!

Descobri uma coisa maravilhosa! Se eu fosse uma boa vendedora ganharia dinheiro com isso, mas, como sou incapaz de vender qualquer coisa que seja, lá vai a idéia de graça mesmo: se você quiser reduzir a quantidade de mensagens que recebe, faça um curso de Letras! De preferência, passe a assinar como Fulano de Tal, Professor de português. Sua caixa postal vai minguar em poucos meses, vai por mim!

Eu já tinha desconfiado disso, mas semana passada tive a confirmação definitiva! Recebi um e-mail do meu querido primo, amigo, padrinho de casamento e recém-contratado advogado, Paulo Horácio, com o seguinte P.S.: pela correria, vai sem correção o e-mail... hahahah

E essa não foi a primeira vez que recebi esse tipo de ressalva, seja por escrito, seja pessoalmente! Claro que isso não acontece com todo mundo, mas duas situações são freqüentes quando meu interlocutor sabe que sou da área de Letras: ou evita escrever, ou então escreve frases rocambolescas, com um vocabulário que eu mesma tenho de sair catando no dicionário. Acho que pensam que eu vou devolver as mensagens cheias de correções de ortografia e gramática ou que vou desprezar o texto se em vez de tertúlias débeis para dormitar vacum o meu correspondente escrever conversa mole pra boi dormir! Será que com os psicólogos acontece a mesma coisa, ou seja, será que tem gente por aí que evita conversar com eles, nem que seja em mesa de boteco, de pavor de pensar que será analisado?

Quando contei para uma amiga da França que ia começar a dar aula de francês, lá veio o retorno: agora não vou mais poder te escrever. Não! Por favor, não me abandone!!! Eu não corrijo e-mails nem com caneta vermelha (trauma abominável de infância), nem a lápis (conforme mandam as modernas teorias pedagógicas anti-trauma, idéia de algum psicólogo, talvez.)

O fato é que estou começando a viver na pele a história que ouvi de uma professora de português, colega numa escola em que eu lecionava ainda na época da informática. Ela contou que um dia recebeu um cartão de Natal de um amigo no qual estava escrito: Feliz Natal! E nada mais. Bem embaixo, em letras miúdas, quase tímidas, um P.S.: Desculpe os erros de português.

Ela contou essa história meio pesarosa, amargando o abandono epistolar que estava vivendo porque os amigos simplesmente não lhe escreviam mais. Nem um bilhetinho sequer. Tudo por medo da cometer uma gafe. Aquele amigo tinha sido um dos raros corajosos a vencer o medo de ter seu texto lido, corrigido e analisado por uma professora de português. Entre um suspiro e outro ela acrescentou:

- E o pior é que ele estava indo super bem! Mas errou no P.S. Desculpar é verbo transitivo direto e indireto, portanto, deveria ser desculpe-ME pelos erros de português, afinal, quem deveria ser desculpado era ele e não os erros...

Eu não sou assim não, tá? Pode me escrever mensagens que eu não fico procurando erros e não dou a mínima para eles quando aparecem! Comigo ninguém corre o risco de ir parar numa daquelas listas tipo pérolas do ENEM! Além do mais, minha formação é em Letras Francês e não Português. Não tive uma única aula sequer de gramática nos oito anos que fiquei na faculdade, fique sossegado! Me escreva, me escreva! Olha aí! Até eu cometo erros quando uso essa próclise de pronome átono em início de frase, verdadeiro assassinato à gramática. Se Napoleão Mendes de Almeida ainda fosse vivo, teria acabado de bater as botas!

Deve ter ainda vestibular para curso de Letras rolando por aí. A partir do momento que começar o curso passe a assinar Fulano de Tal, estudante de Letras. Com o tempo que vai sobrar por conta das mensagens que não vai mais receber, você pode visitar este blog e me escrever um pouquinho! Sem medo de ser feliz!!!

3 comentários:

  1. Hehehe....
    Jura que estás sofrendo de falta de missivas????
    Por quem és? - minha krida.
    Eu sofro por falta de tempo de ler e escrever tudo o que quero. E para os erros de português, alem do absolutamente errado, "desculpa lá os erros de português", hehe, roubado aos próprios, ligo o Phoda-se, com Ph para ficar mais educado.
    Noutro dia fui escrever uma palavra e já ali mandei um: desculpa lá, esqueci como se escreve. E foi errada mesmo. E estava escrevendo pra um escritor de verdade, com livro publicado pela Cosac e Naify e tudo. Quanto mais com meus amigos.
    Faço torturas bem piores. Na maior parte das vezes, não reviso estes comentários e lá vão eles. Claro, tenho sempre a desculpa de que, antes de fazer letras (que também só consegui terminar a parte de Italiano, hihi) fiz medicina, um curso onde a maioria emburrece em ler e principalmente, escrever.
    Como sempre minha querida, ótimo post.
    Um Super Feliz Natal e um ano novo cheio de capacidades de (como disse La Vanu no Admiradores de Varais) Carpinejar.
    Sem trocadilhos.
    Grande beijo
    Marie

    ResponderExcluir
  2. Imagine, minha amiga, a minha situação ao começar eu mesma um blog... Demorou para sair, porque eu ficava pensando se era prudente.
    Afinal, por causa de abençoadas forças do universo, meus amigos pelo mundo afora são escritores, professores (como você), tradutores, jornalistas, artistas plásticos, atores e atores de teatro, publicitários, psicólogos...
    Se eu errar no Português, passo vergonha.
    Se eu errar no Inglês, passo vergonha.
    Se eu errar no Alemão, passo vergonha.
    Se eu me abrir muito, me analisam e descobrem que sou desajustada.
    Se eu disser que gosto de coisas kitsch, corro o risco de virar alienada...
    Ainda bem que sou uma grande cara de pau, porque eu passo aqui, toco a campainha e saio correndo!
    Ding, dong!

    ResponderExcluir
  3. Conheci seu blog através do Beleleo e estou adorando tudo que leio.
    Parabéns!!
    Passarei por aqui mais vezes...

    Ah!... Sim! As pessoas também deixam de conversar com as psicólogas com medo de serem analisadas!

    ;-)

    ResponderExcluir

Gosto de saber o que você pensa!