sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Dom Casmurro em três microversões

Tiago F. Moralles, do blog Penates, lançou essa semana uma iniciativa genial: como seriam contados os clássicos da literatura em microversões? Intrigada por essa estimulante possibilidade, aticei meus neurônios para recontar algum clássico cujo enredo e estilo eu já conhecesse, uma vez que não teria tempo de reler nenhum nesta semana.

Imaginei três microversões para o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, meu ídolo desde a juventude. Como eu disse, procurei um livro cujo enredo eu conhecesse o suficiente para poder ser recontado de memória. Penso mesmo que recontar uma história qualquer depois de ter lido há um certo tempo é até melhor. Concentra somente no essencial.

Já expliquei por aqui que concisão não é o meu forte. Disse também que indecisão é quase meu sobrenome e ter de escolher um enfoque para deixar outro de lado é praticamente uma tortura. Então escrevi três versões, cada uma colocando em relevo um aspecto do romance que foi marcante para mim nas várias leituras que fiz no todo ou em parte, e também na recente adaptação para televisão à qual assisti.

A primeira é aquela que evidencia a dúvida e que relembra uma das características marcantes de Capitu:
Pasme, leitor: cismou que a ressaca daquele olhar teria arrastado também o amigo. Acabou por naufragar solitário. Roído por ciúme e dúvida.
A segunda, sugere que Bentinho e Capitu tinham tudo para serem felizes, mas a dúvida que ele não quis esclarecer foi o que, na realidade, causou o drama.
Seria feliz junto ao amor de infância, mas acreditou ver o amigo mover-se no corpo do filho. Acabou por morrer só. Consumido pela dúvida.
A terceira é mais uma pergunta retórica do que especialmente a história recontada. Uma invencionisse da minha parte. É que tenho minhas dúvidas se Bentinho sofria pela traição presumida de Capitu ou porque isso teria acontecido com seu melhor amigo. Tenho cá com meus botões que se ele suspeitasse de um outro homem qualquer, talvez o drama não tivesse ocorrido.
Pondere comigo, dileto leitor: teria ele igualmente sofrido e feito sofrer se a suspeita não recaísse sobre o amigo de infância? Mistério...
Em outras (e vulgares) palavras: será que a dor de corno é maior dependendo da identidade do safado que meteu um chapéu de vaca na cabeça do vivente? Só Machado mesmo pra explicar essa...

6 comentários:

  1. Difícil escolha.
    Gostou mesmo do exercício heim hehe.
    Microbeijos.

    ResponderExcluir
  2. Capitu, aquela vaquinha!

    ResponderExcluir
  3. Veja esse blog, de um colunista da Carta Capital (Knijnik), que "psicografa" blogs de famosos. Nesse, "Shakespeare" escreve versões p/ o Twitter de suas obras:
    http://blogdoshakespeare.blogspot.com/
    É nesse caminho....
    Bjs,
    Sil

    ResponderExcluir
  4. Oi Sil!

    Esse cara é maluco mesmo! Mas a ideia é genial!!!

    O que eu mais invejei foi o TEMPO! Criar todos aqueles blogs!!! Como tem gente criativa nesse mundo...

    ResponderExcluir
  5. Também sou fã do Machado de Assis. E já sou sua também. Adorei, especialmente o terceiro. Bj.

    ResponderExcluir
  6. Patrícia

    Trocamos carteirinhas de fã clube então! Vc já sabe que eu faço parte do seu há tempos!

    ResponderExcluir

Gosto de saber o que você pensa!